Sistema steel deck usa fôrma metálica para moldagem de lajes de concreto. Conheça a tecnologia

A laje mista ou steel deck é um sistema construtivo que utiliza uma fôrma de aço galvanizado composta por perfis que são incorporados à laje de concreto moldada in loco. É chamada de mista justamente por integrar aço e concreto em um elemento estrutural único. No sistema, os perfis fazem a função de fôrma para a concretagem e, ainda, atuam como armadura positiva para as cargas de serviço.

Além da fôrma de aço e do concreto, o steel deck é normalmente composto também por telas eletrossoldadas que atuam como armadura negativa e ajudam a prevenir trincas superficiais na laje. O sistema pode ser usado tanto em edificações de estrutura metálica quanto em edificações com estruturas de concreto. O steel deck atua, durante sua execução, como plataforma de serviço e proteção aos operários que trabalham nos andares inferiores. Normalmente, as lajes mistas dispensam escoramentos. A solução apresenta facilidade para a passagem dos dutos para instalações e, em contrapartida, pede a fixação de um forro inferior. Veja algumas recomendações e características do sistema.

1 – Perfis
As fôrmas do sistema steel deck são montadas com perfis de aço galvanizado que passam a integrar a laje – são, portanto, fôrmas permanentes. O conjunto dos perfis transmite o cisalhamento longitudinal na interface aço-concreto de duas maneiras possíveis. No caso dos perfis trapezoidais, a ligação é mecânica e se da por mossas (espécies de ranhuras) nas peças. Já nos perfis com cantos reentrantes a ligação acontece por meio do atrito causado pelo confinamento do concreto nas reentrâncias da fôrma. As fôrmas podem ser pintadas, na face inferior, com tinta eletrostática.

2 – Dimensionamento
O cálculo para o sistema de lajes mistas deve analisar, na fase de construção, as condições do conjunto das fôrmas de sustentar o peso do concreto fresco e da sobrecarga de construção. Na fase final, os cálculos devem considerar o concreto curado com resistência mínima de 0,75 f„. Não há normas técnicas brasileiras especificas para o sistema steel deck, mas o dimensionamento das seções de aço deve obedecer à ABNT NBR 14762. Normalmente, as medidas dos perfis são aquelas oferecidas pelos fabricantes. Geralmente, eles oferecem tabelas relativas a seus produtos informando a capacidade de carga da fôrma para um dado vão – ou, então, o vão máximo admitido para determinada carga.

3 – Montagem
Os perfis são alinhados sobre a estrutura da edificação e, normalmente, são necessários alguns recortes e ajustes nos cantos e no contorno de pilares. Depois de ajustar as fôrmas à estrutura, os painéis devem ser fixados para que não saiam da posição correta até sua fixação definitiva, com a concretagem. Quando esta estrutura é metálica, as chapas podem ser fixadas com parafusos autoatarrachantes, pinos com fixação à pólvora ou por soldas. Já nos casos em que a estrutura é de concreto armado, as placas são fixadas normalmente por solda – sendo esta, inclusive, a técnica mais utilizada. Para fixação com solda, os conectores mais utilizados são os “com cabeça” (Stud Bolt), os quais são colocados nas nervuras alternadamente – em alguns casos, aos pares.

4 – Armadura
Antes da concretagem, geralmente é instalada uma armadura metálica em forma de malha sobre as fôrmas de aço já montadas e fixadas. A armadura tem como função, no conjunto, evitar fissuras ao longo da superfície da laje – essas fissuras são geradas como resultado da retração e da dilatação do concreto e, na região sobre as vigas de apoio, como resultado à tendência de continuidade da laje. A armadura também cumpre a função de reforço em áreas de abertura da laje. Sua presença no conjunto aumenta, ainda, a resistência da laje ao fogo.

5 – Concretagem
A concretagem de uma laje mista é realizada de forma tradicional, com o lançamento do concreto feito por bombeamento. O sentido de lançamento deve ser feito paralelo às nervuras dos perfis que compõem as fôrmas, de uma extremidade da estrutura à outra. A saída do concreto é feita em movimento frequente, com o cuidado de se observar sua acomodação nas fôrmas de modo uniforme. Para contenção lateral do concreto em arremates nas extremidades e nos vãos, normalmente é usado um gabarito de madeira ou EPS (o popular isopor). Em alguns casos, conforme o espaçamento entre as vigas de suporte da laje, pode ser necessário o escoramento provisório durante a concretagem e o endurecimento do concreto. A resistência, após a cura, deve ser de no mínimo 20 MPa. Não podem ser usados aditivos base de cloretos para acelerar a cura, pois eles podem comprometer a galvanização dos perfis de aço.

Normas técnicas
Não há uma norma técnica brasileira especifica para execução de laje mista. Apesar disso, para cálculos e procedimentos técnicos, outras normas são usadas como referência. Além da NBR 14762 – “Dimensionamento de Estruturas de Aço Constituídas por Perfis Formados a Frio”-, também são consideradas as normas NBR 6118 -“Projeto de Estrutura de Concreto – Procedimento” a NBR 8800 -“Projeto de Estruturas de Aço e de Estruturas Mistas de Aço e Concreto de Edifícios” a NBR 10735 -“Chapas de Aço de Alta Resistência Mecânica Zincadas” – e a NBR 14323 – “Dimensionamento de Estruturas de Aço de Edifícios em Situação de Incêndio – Procedimentos”.

Fonte: CBCA

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